terça-feira, 14 de setembro de 2010

E agora, José ou Jesus?

A vida é toda cheia de escolhas. Escolhemos a esquerda, a direita, a vanguarda ou a retaguarda. E, se ainda não nos bastasse, permanecemo-nos parados. Escolher é comprometer-se com o caminho sobre o qual trilhar. Escolher é medir certezas e incertezas. Escolher é utilizar-se de balança. Com ela, emitimos um parecer acerca do risco envolvido. Escolher é assinalar um X tal qual treliça...

O processo de decisão envolve muitas variáveis. O medo é uma delas. Entretanto, não me refiro àquele sentimento que nos alerta do perigo. Este, eu costumo chamá-lo prudência. Escolher não é algo fácil... “E se eu escolher a direita ao invés da esquerda, o que haverá no final deste caminho? Qual será o resultado desta decisão? Qual será a melhor opção? Esta é a melhor escolha?”

Dúvidas, dúvidas e dúvidas. A dúvida opõe-se à fé. A fé é certeza, a certeza das coisas não vistas. Onde se encontra o medo, encontra-se a dúvida. O medo não permite que se deem passos. Que é o medo? É poliomielite na alma... É uma pena que vacinemos somente corpos.

O progresso e os sonhos são incitados pela fé. O medo paralisa, esconde e não permite avanço. Ambos, fé e medo, trabalham de maneiras opostas. Quanto às escolhas? Eis que continuam na fila de espera. Aguardam um parecer, uma decisão. E o tempo corre. Ao levantar-me pela manhã, o mundo diz: “Bem-vindo ao jogo das escolhas! Esta é sua primeira: levantar-se ou dormir mais um pouco? E então? Ainda aguardo! TIC-TAC-TIC-TAC... O tempo passa!”.

Tão difícil não pareceu. Mas, e as outras durante a vida: abortar ou deixar viver, este poetinha, que ainda não escreveu nenhuma linha... A vida é um jogo de escolhas, e cujas escolhas exercerão influências sobre os que vivem e os que ainda hão de nascer.

Uma decisão é como uma bomba detonada no centro de uma rede social. Para mim, as melhores escolhas são aquelas que, representarão ao mesmo tempo, como resultado, o mínimo impossível e inimaginável de prejuízos e o máximo impossível e inimaginável de benefícios. Se eu pudesse nomeá-la, diria que se trata de uma decisão “perfeita”.

Em se tratando de coisas perfeitas, os pensamentos de Deus são perfeitos. Ele conhece o final de todos os caminhos. Ele conhece o resultado de todas as escolhas. Ele sabe tudo! Optando pelo conselho de Deus, não corro risco de me confundir, já que, erros resultam de escolhas mal feitas. Um erro foi uma aposta mal sucedida. Não erramos porque gostamos de errar.

Na vida, dentre tantas possibilidades, deveríamos atentar para os pensamentos de Deus, sinônimo do perfeito. Os conselhos de Deus são caminhos abençoados e já aprovados. Trilhá-los, levará o homem ao encontro do mínimo impossível e inimaginável de prejuízos e o máximo impossível e inimaginável de benefícios. E não nos enganemos: aquele que segue o conselho de Deus não é a marionete tolhida de sua própria vontade. Contudo, é aquele que trilha o caminho que escolheria se soubesse seu fim. E o propósito de nossas vidas? Viveremos, se tão somente o escolhermos.

Quanto aos que se bastam, não experimentarão daquilo que há de mais sublime. São como aqueles a quem se lhes preparou o mundo, porém, passarão sua existência a vagar... Vagar pelo quintal da vida. Tudo porque, não conhecem os pensamentos do Pai. Escrito por Cléber C FERNANDES.

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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A lição bovina do coração

Final de tarde, sol se pondo. E lá estava ele, sentado sobre a cerca de madeira, tomando o tempo da vaca...

[...] Tu és tão sábia... Eu gosto tanto de conversar contigo...

- Falando deste jeito até me fazes sentir importante!

- Eu também queria ser sábio...

- Esta é uma das maiores demonstrações de apreço que se pode oferecer. É quando queremos nos parecer com alguém.

- Então tu achas que quando eu for grande serei sábio como tu?

- Bem, isto depende de uma coisa fundamental.

- Que coisa?

- Olha, não sei se posso te ensinar isto.

- Que é? Por favor, ensina-me!

- Está bem, está bem... Afinal, se tu não puderes aprender isto, então, não sei mais quem poderia.

E o menino inclinou-se em direção à vaca para ouvi-la.

- Ouça bem... O que te fará sábio ou não, dependerá do lado em que estará teu coração.

- Como assim? Só existe um lado do coração. Eu aprendi na escola que o coração fica do lado esquerdo!

- Sei, a escola...

- Que cara é esta? Não me diga que eles me ensinaram errado...

- Não, não, eles te ensinaram certo. Só não te ensinaram tudo que tu precisas para ser sábio de verdade... e nem poderiam mesmo.

- Tu és mesmo muito misteriosa...

- Mas sabedoria que tu desejas, te tornará apto para entenderes os provérbios e parábolas, as palavras e enigmas dos sábios!

- Que quer dizer com o lado em que está meu coração?

- Bem, anatomicamente, o teu coração situa-se no lado esquerdo do peito. Logo, um coração que tende ao lado esquerdo, não faz nada mais além do que exercer um movimento natural, um comportamento cômodo. Pouco natural é um coração inclinar-se para o lado direito, contudo, este é o sinal daquele que alcançou a sabedoria.

- Este é um sinal de quem alcançou a sabedoria..., repetiu o menino. Uau! Eu nunca tinha pensado nisto antes! Onde foi que aprendeste isto?

- Eu também tenho meus mestres meu caro!

- Conta-me mais!

- Imagine: um coração que tende à direita, é um coração que busca avançar em algo que lhe parece novo, e até certo ponto, desconfortável. Um coração que tende à direita, busca conhecer algo que ainda não conhece ou conquistar algo que ainda não conquistou.

- Ai, ai, ai... Esta parte me entristeceu!

- Ora, por quê?

- Porque ainda não conheço muitas coisas e ainda não consegui nada na pouca vida que já vivi.

- Se eu posso te consolar, não importa nada disto, pois há tempo para todas as coisas. E seu tempo ainda não chegou.

- Então não estou atrasado?

- De maneira nenhuma!

- E como posso saber que cheguei ao tempo certo?

- O tempo certo, é aquele no qual o coração alcançou o entendimento de que precisas para agir.

- E como é este tal entendimento?

- Ele é um raio de sol que aparece quentinho, mesmo que seja noite. Quando isto acontece, tu sentes que tua cabeça relaxa, aquece-te o peito, tuas sobrancelhas se levantam e teus lábios esboçam um sorriso. Depois, isto te faz feliz por encontrar um tesouro escondido.

- Tu falas coisas bem estranhas... mas é gostoso te ouvir. Conta-me mais!

- Está bem... voltemos ao assunto: Tu, em tua natureza, tens teu coração à esquerda. Ele tem dificuldades com coisas novas, por isto, a Sabedoria afirma: “E ninguém tendo bebido o vinho velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho”. Assim, a Sabedoria expõe a tendência do seu coraçãozinho.

- Eu estou impressionado... Eu acho que é por isto que eu destesto ir à cidade calçando sapatos novos. Eles apertam meus dedos e machucam meus pés! Mas, tu não me entenderias... Tu tens cascos.

A vaca, de olhos cerrados, emudeceu. No entanto, ela também sabia onde é que seu calo apertava.

- Ei! Ainda não entendo como isto pode me ajudar, disse o menino.

- Eu sei, eu sei meu amigo... tal dificuldade não me é estranha. No entanto, aprenda uma coisa: Um dia, o que é novo se tornará velho, e o que for velho chegará ao fim. E aqueles que se contentam somente com o velho, sem preparar algo novo, no futuro, não terão nenhum dos dois...

O menino sorriu. Saltou de um impulso a cerca e saiu correndo em direção à casa.

- Ei menino! Aonde é que tu vais?, perguntou a vaca estupefata.

- Desculpa, tenho que ir! Preciso jogar fora meu velho par de sapatos furados!

- Está bem! Mas cuidado, vá pela direeei... cuidaaado!

Infelizmente não houve tempo. O menino cravou seus pés no morrinho de estrume. Diante da cena, a vaca lamentou:

- Coitadinho, eu bem que tentei avisá-lo...

Inspirado em Eclesiastes 10:2. “O coração do sábio se inclina para o lado direito, mas o do estulto, para o da esquerda”.

*Na cultura judaica, há um conceito espiritual: as coisas santas estão relacionadas ao lado direito, enquanto que, o lado esquerdo, as opostas à santidade.

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