segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Psicologia bovina do pensamento humano

Na fazenda, ninguém conseguia compreender o fascínio que aquela vaca exercia sobre o menino. Todos sabiam onde encontrá-lo, no final da tarde, nos dias de festas e finais de semana. Empolgado como um cão na presença do dono amado, ele abusava da companhia da vaca amiga...

- Certo, mas agora eu tenho uma novidade para te contar!
- Amo novidades!
- Dentro em breve tu ganharás um novo médico!
- Um novo médico? Bem, sei que estou ficando velha e, é natural que precise de atenção, mas, por que um novo médico?
- Deixas disto, tu estás muito bem.
- Que tu sabes que eu não sei?
- É o filho do veterinário... ele vai morar na cidade para se formar na mesma profissão.
- Uhm... isto é muito bom. No entanto, creio que ainda não existem garantias de que após se tornar doutor, ele venha para estas bandas.
- Tu tens razão. Mas há a possibilidade!
- Sim, nisto eu creio. Sempre há uma possibilidade. Mas, diga-me tu: quando irás a cidade estudar?
- Olha... eu não sei.
- Nunca pensaste nisto?
-Os adultos sempre me lembram disto. Eles sempre perguntam: que queres ser quando crescer?
- E o que tu respondes?
- Não sei. Se eu fosse um girino da beira do lago, eu diria que seria um sapo, uma rã ou uma perereca. Mas, a única coisa que eu consigo pensar é que quando eu crescer serei eu mesmo, só que maior, como meu pai...
- Talvez um pouco mais gordo...
- Quê?
- Deixa para lá... Amigo, escuta... Que gostaria de fazer quando estiveres grande?
- Tu me prometes que não contarás para ninguém?
- Palavra de vaca!

Como se revelasse um importante segredo, respondeu em tom baixinho:

- Eu gostaria muito de ser escritor. Daí, não precisaria te deixar. Não precisaria ir à cidade aprender, pois, contigo, já aprendo tantas coisas... Bastaria que eu tomasse nota do que dizes e, à noite, quando todo mundo fosse dormir, começaria a escrever. Depois, eu venderia os nossos livros lá na cidade, já que aqui na fazenda, não teriam pessoas suficientes para comprar todos.
- Tu acreditas nisto mesmo?
- Claro que sim. Por que tu achas que nós mandamos teu leite para vender lá?
- Faz sentido...
- Só uma coisa me incomoda... disse o menino, com sua voz carregada de frustração: Que faria se ninguém quisesse comprar nossos livros? Quando sobra do teu leite, papai trás de volta e, se não transforma em manteiga, faz bolos ou vira queijo. Mas, os livros, que faria com eles?
- Eu nunca tinha pensado nisto antes... respondeu a vaca, um tanto abalada.
- Eu bem que poderia vendê-los como calço para algum móvel, mas, até hoje, não vi mais que um único livro servir para este fim.
- Parece-me que tu tens um enorme problema meu amigo. Mas, creio que posso te ajudar.
- Eu sei, eu bem sei que tenho um enorme problema... Que tu pensas que eu deveria fazer com os livros?
- Com os livros? Com eles, nada! Seu problema não são os livros.
- Não são? Como assim “não são os livros”?
- Seu problema não são os livros meu amigo, seu problema chama-se confiaaança... respondeu-lhe a vaca, pronunciando com destaque a palavra confiança.

- Confiança?
- Sim, confiança! Ela é a força que te faz caminhar pela estrada, entre o estábulo e a casa da fazenda, mesmo que seja noite e esteja tudo escuro. E isto tu fazes porque, apesar da dificuldade em caminhar, não duvida de que em breve estarás lá.
- Eu já senti esta força antes! E eu nunca duvidaria que eu pudesse mesmo chegar em casa.
- Isto porque tua confiança venceu sua insegurança... concluiu a vaca.
- Então vivemos sempre como nunca guerra?
- Tu sempre me surpreendes com tuas perguntas...
- E tu sempre me surpreendes com tuas respostas... Mas, diga-me... Se eu for confiante, eu conseguirei vender todos os meus livros?
- Isto só tu podes responder... Venha cá...

A vaca caminhou e parou embaixo de uma sombra...

- Conheço a história de um vendedor de livros. Um dia, colocaram-lhe um desafio: se ele vendesse cem livros por semana durante um ano, ganharia uma bela comissão. Após 12 anos de trabalho, o homem conseguiu vender seus cem livros semanais.
- Um bocado de livros!
- Bem, mas agora responda-me com toda sinceridade que há no teu coração... Se tu precisasses vender cem livros por semana, tu pensas que conseguirias?
- Sei lá... Eu gosto mesmo é de escrever.
- Entendo como te sentes... Então, não alcançarias a marca proposta?
- Com a experiência, acho que venderia muitos... mas... sempre há uma possibilidade de não se conseguir. Assim, creio que não é possível afirmar com certeza se conseguiria.
- Então, se tu querias uma resposta, ela é: tuas chances de fracasso são enormes.
- Mas, por que, se eu disse que venderia muitos?
- Tu pensas como um derrotado...

O menino emudeceu. Sem compreender o que a vaca queria dizer, esperou que ela esclarecesse. Na verdade, sentiu-se um pouco ofendido.

- A maneira como tu pensas é que faz a diferença, meu caro. Outra resposta que não um convicto sim, não serve para alguém que deseja vencer. Em tua mente, tu te consideras incapaz, julgas obstáculos que ainda não existem, confere-lhes força e aceitas desde já a possibilidade do fracasso. Meu amigo, tu não estás seguro de ti mesmo e de tua capacidade de alcançar o teu objetivo.
- Não posso concordar contigo. Como eu afirmaria com certeza que sim?
- E como tu afirmas com certeza que não?

Nesta hora, o menino sentia-se como que em xeque-mate. A vaca sorria contente de que algo novo estivesse por acontecer no coração do seu amigo. E ele, tentou não gaguejar na hora de responder...

- Olha, as coisas na vida real não são tão simples assim. Eu posso te dar o exemplo do meu pai. Ele nem sempre consegue vender todo leite que leva à cidade e tu, já sabes disto. Isto me soa coisa de gente metida...
- Queres dizer, arrogante?
- Que seja...
- Amigo, a humildade leva-nos a reconhecer a derrota, no entanto, admitir a possibilidade de derrota é a fraqueza que leva ao fracasso. A arrogância não está em não admitir a possibilidade de derrota; tampouco, a humildade está em admitir a possibilidade de fracasso.
- Está ficando tudo misturado...
- Olha, deixa-me esclarecer algo. Na verdade, não importa nem um pouquinho se tu conseguirias vender seus cem livros.
- Não? Perguntou o menino ainda mais surpreso.
- Claro que não! Sabe por quê? Porque a vida é assim! Um dia as vendas vão bem, outro dia, mal. Não importa muito que obstáculos tu encontrarás, mas com que disposição tu te colocas perante eles. Quando tu achas que não os vencerás e, não confia que é possível, já perdeu antes mesmo de ter tentado.
- Por quê?
- Por que o teu limite sempre te será desconhecido. Não crer na possibilidade de êxito é o mesmo que se entregar antecipadamente.
- Acho que agora as coisas estão mais claras para mim... Por que não conheceria meu limite?
- Quanta força tu tens?
- Que força?
- Tu não conheces tua força?
- Para carregar uma carroça com leite?
- Pode ser...
- Não muita.
- Então tu nunca carregarias uma carroça com leite?
- Carregarias sim.
- Tu não tens força para isto!
- Mas eu posso usar os carrinhos, e além do mais, aos pouquinhos eu poderia carregá-la.
- Então tu concordas que, apesar de tua pouca força física, a carroça do leite seria carregada por ti?
- Claro!
- Eu chamo isto de preparo.
- Uhm...
- E o que aconteceria se tu olhasse a quantidade do leite e isto te fizesse sentir incapaz?
- Eu acho que não tentaria, ou, se tentasse, não terminaria o serviço.
- E por que não terminaria?
- Eu me sentiria cansado e, indicaria que não poderia mais, assim como eu havia previsto.
- Ou seja, assim como tu achavas que não te seria possível. Percebes? Tu terias a força necessária, mas, a barreira fez-te acreditar que aquele era o teu limite e tu desististe. É por isto que teu limite sempre te seria desconhecido.

- Eu não conheceria meu limite porque teria desistido antes de tê-lo verdadeiramente conhecido... gostei disto.
- Tu entendes agora? Tu tens força para alcançar teu objetivo, mas, quando achas que as barreiras te vencerão, tu te permites acreditar que não terás força suficiente para fazer o que tu poderias fazer. Portanto, sejas humilde em sua realidade, mas guerreiro em sua confiança.
- Agora eu entendo um pouco mais.
- Que ótimo!
- Amiga, prepara-te!
- Por quê?
- Porque amanhã cedo, virei à ordenha e tirarei o maior número de litros de leite que alguém já pôde ter tirado de uma vaca no mundo todo!
- Sabe de uma coisa?
- De quê?
- Agora sim precisarei de um novo médico. Vai com calma meu amigo! Tu não gostarias de usar toda esta energia para escrever? Céus, que fui ensinar a este menino. As demais companheiras me matarão...

Desta vez, o menino ficou imóvel e, a vaca desaparecia no horizonte da campina como um raio.

E para refletir, sugiro:

"Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê" Marcos 9:23
"Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece" Filipenses 4:13
"Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou" Romanos 8:37

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O modelo da criação

Mais um se ano se inicia. Para muitos, este é um tempo de reflexão, correções e novos planos. Para nós, cristãos, são constantes as questões: Como construir algo sob a bênção e orientação de Deus? Como alcançar êxito em nosso projeto? Bem, antes de continuar a leitura deste texto, eu sugiro a leitura do primeiro capítulo do livro de Gênesis. Vamos lá?

Um modelo perfeito

Em Gênesis, está o relato da criação, da construção da terra. Este é o modelo escolhido por Deus para construí-la e tudo o que nela há. O Senhor, em sua sabedoria, seguiu alguns passos na realização do seu projeto, que servem de exemplo para a construção dos nossos. Lembremo-nos de que: “O SENHOR com sabedoria fundou a terra, com inteligência estabeleceu os céus” Provérbios 3:19.

O DESPERTAR DE DEUS (1º DIA)

"Disse Deus: Haja luz, e houve luz.."

Repentinamente, a luz se fez. No transcorrer da vida, de repente, somos pegos de surpresa. O entendimento de algo se acerca de nós, como que raios de luz sobre nossas vidas. Este entendimento traz mudança à mente e ao coração.

A luz é aquilo que o Senhor mostra. É o despertar. Com a luz, há a divisão entre o claro e visível, daquilo que está oculto.

A luz é um pensamento, uma ideia que ilumina a vida e que aquece o coração.

A luz faz enxergar o óbvio que estava oculto.

A luz vem e traz consigo mudanças.

ALIMENTANDO MEUS SONHOS (2º DIA)

Após a luz, o Senhor cria o firmamento. O firmamento é a atmosfera que envolve a terra.

Neste contexto, a atmosfera é o ambiente do qual sou rodeado.

Quando o Senhor nos entrega um projeto e nos ilumina, devemos tomar o cuidado de mantê-lo numa atmosfera, num ambiente adequado. Um bom ambiente gera ânimo, motivação, onde os sonhos são alimentados. Um mau ambiente leva a frustração e a decepção.

Nesta etapa, algo acontece no coração. O desejo do que se quer e o desejo de efetuá-lo começa a ser moldado. A importância do ambiente está em não permitir que a fé seja apagada pelo pessimismo. Por isto, deve-se tomar muito cuidado com aquilo do qual se está rodeado:

- Às vezes, um amigo com menos fé.
- Às vezes, um conselheiro sem visão.

Logo, assim como a atmosfera protege o projeto terra, uma atmosfera é preciso na proteção dos nossos sonhos. E é claro, O Senhor pode transformar ambientes.

ESTABELECENDO A BASE (3º DIA)

“e apareça a porção seca [...] Produza a terra...”

A base é a que sustenta todo projeto. É o lugar onde se edifica. Em se tratando de vida cristã, a base dela é “Jesus Cristo é o Senhor”.

A intenção do coração é a base de um projeto. Toda vez que desejarmos nos mover em alguma direção, devemos nos perguntar: baseados em que queremos isto ou aquilo? Ou seja, quais são as legítimas e verdadeiras intenções que estão dentro do coração.

A base é a plataforma que sustenta toda vida. A base precisa ser fértil.

Uma boa base (intenção), dá boa vida (bons frutos). Uma base má gera frutos maus. Quando a base é boa, ela gera vida facilmente.

Tomando um exemplo comum entre os jovens, muitos estão à procura “da pessoa certa”. Bem, perdoem-me, não existe a tal pessoa certa. O que existe são afinidades. Mais do que a pessoa certa, há a intenção certa. Provérbios 21:2

Da base, da terra, vem o sustento para o homem e aos demais seres. Se esta base for infértil, toda vida perecerá, sinal de que, temos grande responsabilidade ao lançarmos um projeto.

A terra precisa ser cultivada, revista constantemente, para que não perca seu foco, ou seja, as intenções do coração precisam ser tratadas. A vida surge mediante exposição à luz, o entendimento procedente da Palavra de Deus (a relva sobre a plataforma precisa de luz para crescer).

O coração deve ser tratado, pois, não é um lugar de ferida, é um lugar de vida.

ABRA SEU CORAÇÃO AOS CONSELHOS (4º DIA)

O Senhor colocou no firmamento luzeiros para iluminar a terra.

Nossos mentores, familiares e amigos são luzeiros que Deus colocou em nossa atmosfera. Eles nos aconselham, trazem luz, ajudando-nos com conhecimento e sabedoria. Ajudam-nos a saber se é tempo, se podemos avançar ou aguardar. São como as estrelas numa carta náutica que guiam durante a noite, ou a posição do sol durante o dia.

A Palavra é a luz com que nossos luzeiros nos iluminam. Durante à noite (escuridão), somos iluminados por eles e cada um deles possuem sua grandeza específica.

Isto nos ensina que não devemos fazer nada sozinhos, mas envolver outros em nossa atmosfera. Fazer coisas sozinho não é vontade de Deus para o homem. Provérbios 18:1

Existem coisas que somente são alcançadas quando escolhemos dividi-las: um filho por exemplo. Assim, ele nunca seria somente meu. Seria meu e de minha esposa. Também não seria metade de cada um. Um filho é sempre inteiramente do pai e inteiramente da mãe.

A lua e as estrelas nos mostram que mesmo na escuridão, contamos com a ajuda do Senhor nos mostrando a direção.

O SENHOR NOS RODEIA DE VIDA (5º DIA)

Encham-se de vida a terra, os céus e os mares!

A vida que o Senhor cria é disseminada. Isto quer dizer que nossos projetos podem abençoar lugares onde talvez nunca coloquemos os pés, e podem alcançar gerações que talvez nunca vejamos.

O Senhor abençoa todo projeto. Ele gera vida até onde a vista não alcança ou onde os pés não chegam. Quando o projeto é bom, o Senhor prepara seu colorido de vida e graça.

Deus é um Deus criativo e presta atenção nos mínimos detalhes de nossas vidas. Ele as enriquece com detalhes belíssimos, as pequenas coisas da vida, que não podemos desprezá-las.

INCLUINDO AS PESSOAS (6º DIA)

Deus incluiu o homem nos seus planos. Isto significa que devemos incluí-los também nos nossos. Quando planejamos, devemos ter a intenção de abençoar pessoas.

A intenção é a base. Tudo o que o Senhor fez foi visando incluir o homem no seu projeto. Depois de tudo feito, Deus entregou todo o projeto à administração humana.


CONCLUA BEM (7* DIA)

Em certa ocasião, ouvi um pastor afirmar: “Só pode descansar aquele que concluiu”.

O Senhor concluiu sua obra, por isto descansou. É um descanso interior, no espírito, a noção de que alcançamos aquilo que o Senhor nos despertou a efetuar

PALAVRINHA FINAL

Quando executamos um projeto, a cada fase, precisamos analisar se o que fazemos é bom. Este foi o controle de Deus. Precisamos ter prazer nisto.

Deus dividiu seu projeto em etapas, realizando um pouco a cada dia. Toda vez que fazemos um pouco a cada dia, alcançamos muito. Não devemos atropelar etapas, pois, não somos melhores que Deus.

"O SENHOR me possuiu (a Sabedoria) no princípio de seus caminhos e antes de suas obras mais antigas" Provérbios 8:22. Escrito em 2008.

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Cocô ou esterco? Uma lição bovina

Final de tarde, um vento de primavera soprava na campanha... Eles encontravam-se no pasto....

- Olá! Como estás meu amigo?

- Eu estou bem, mas...

- Mas o quê? Que significa este mas?

- É o meu pai... Está um pouco triste.

- Uhm... Qual é o motivo? Diga-me logo!

- Ele e minha mãe conversavam algo sobre um dos empregados da fazenda.

- Ele está doente? Algum problema na família?

- Não, não. Parece-me que o homem pediu para deixar o serviço.

- E tu sabes por quê?

- Bem, pelo que entendi, o homem reconheceu que há algum tempo relaxa nas atividades e faz as coisas de qualquer maneira.

- Entendo! Este é mais um caso de alguém entre o cocô e o esterco...

O menino esboçou um sorriso e coçou a cabeça:

- Entre o cocô e o esterco? Que quer dizer isto?

- Quer saber mesmo?

- Sou todo ouvidos!

- Percebes quais as opções que o pobre homem se coloca?

- Eu acho que é deixar o serviço ou continuar a fazer as coisas de qualquer maneira.

- Bingo!

- Acertei?

- Sim, tu acertaste. Mas agora me responda: Qual o mérito da escolha?

- Uma escolha precisa ter mérito?

- Ai, ai, ai... Eu perguntei primeiro menino!

- Desculpa!

- Tudo bem, eu só estava brincando contigo.

- É... agora não sei se espero tua resposta ou se te respondo a pergunta cara amiga.

- Deixe-me responder então a tua primeiro. Bem... uma vez que nossas decisões e escolhas são caminhos que nos levam sempre a algum lugar na vida, creio que elas devem ter algum mérito sim. Aliás, escolhas falam muito acerca de nosso caráter.

- Acho que agora entendo... Bem, eu acho que há mérito em deixar o serviço.

- Por que tu achas isto?

- Porque é melhor não atrapalhar que trabalhar de qualquer jeito.

- Parabéns! E isto com que ficaste é o cocô ou o esterco?

- Não entendo...

- Então, diga-me: Qual preferes, o cocô ou o esterco?

- Nenhum deles.

- Não, não. Estas são as opções que tu mesmo te colocaste. Sendo assim, precisas escolher uma delas.

- Ah... sei lá, parece-me que dá no mesmo.

- Bingo!

- Acertei?

- Acertaste na mosca!

- Então explica-me!

- Ambas as decisões são autênticos atestados de indisposição, incompetência e mediocridade.

- Seja mais clara, por favor.

- Ora, tu achas uma sábia decisão abandonar um serviço por se comportar de forma incompetente, seja qual for a razão para tal?

- Continuo achando que é melhor deixar que atrapalhar.

- Sinto cheiro de estrume no ar...

- Está bem, então, qual é sua explicação, oras?

- Que tu acharias de escolher se tornar melhor?

- Uau, acho que agora entendi! As duas opções na cabeça dele são péssimas...

- É claro meu amigo! Há daqueles que escolhem permanecer medíocres a mudar sua atitude.

- Então, entre deixar de servir ou fazer as coisas de qualquer maneira, seria mais sábio escolher fazer as coisas da melhor maneira, sem nunca deixar de servir...

- Sim, eu acho que estas são condições mais razoáveis a se apresentar. Sem esta mentalidade, dificilmente aquele homem crescerá em sua vida.

- Entendo... mas tenho outra pergunta.

- Estou pronta.

- Que culpa ele tem se sua incompetência for um reflexo de sua falta de talento? Nem todo mundo sabe fazer de tudo, ou gosta de fazer tudo. Às vezes, as pessoas descobrem que não servem para determinadas funções ou tarefas.

- É verdade. No entanto, um homem de caráter nobre não abandona um compromisso sem ter dado o melhor de si em executá-lo, ou o melhor de si em aprendê-lo.

O menino beijou a vaca e disse:

- Os motivos pelos quais decidimos o que decidimos, refletem a grandeza ou a pequenez de nossos corações.

- Que lindo isto menino!

- Obrigado! Olha... preciso ir agora.

- Tão cedo?

- Acho que tenho desculpas a pedir.

- Desculpas? Que andaste aprontando?

- Faltei à escola ontem. Eu disse a minha mãe que estava com dor de barriga, mas, na verdade, era porque não fiz a tarefa de matemática. Acho que me faltou um pouco de vontade de aprender.

- Uhm...

- Uhm, o quê?

- Sinto perfume de flores no ar...

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