quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A verdade sobre ofertas

Certa vez, ouvia um pastor falar sobre ofertas. Baseava-se no texto em que o rei Davi comprou a eira de Araúna para que ali erguesse um altar. A história conta que quando o rei chegou àquela propriedade, seu dono intentou doar-lhe o terreno. Davi não aceitou o presente, mas ofereceu o pagamento devido. Ele declarou:

“Não, mas por preço justo to comprarei, porque não oferecerei ao SENHOR meu Deus holocaustos que não me custem nada. Assim Davi comprou a eira e os bois por cinqüenta siclos de prata” II Samuel 24:24.

No entendimento do pastor, este texto significa que devemos ofertar a Deus de forma que sintamos ser aquela uma renúncia dolorosa, pois para ser agradável a Deus, precisa custar algo. Normalmente, assim nos sentimos, quando somos incitados a entregar mais do que temos como prova de nossa fé e amor.

Bem, entendamos como Davi realmente se sentia ao fazer aquilo. Davi era um homem riquíssimo. O livro de I Crônicas, capítulo 29, descreve como empregou seus recursos para a construção do Templo:

“Eu, pois, com todas as minhas forças já preparei para a casa de meu Deus ouro para as obras de ouro, prata para as de prata, bronze para as de bronze, ferro para as de ferro e madeira para as de madeira; pedras de ônix, pedras de engaste, pedras de várias cores, de mosaicos e toda sorte de pedras preciosas, e mármore, e tudo em abundância. E ainda, porque amo a casa de meu Deus, o ouro e a prata particulares que tenho dou para a casa de meu Deus, afora tudo quanto preparei para o santuário: três mil talentos de ouro, do ouro de Ofir, e sete mil talentos de prata purificada, para cobrir as paredes das casas; ouro para os objetos de ouro e prata para os de prata, e para toda obra de mão dos artífices. Quem, pois, está disposto, hoje, a trazer ofertas liberalmente ao SENHOR? Então, os chefes das famílias, os príncipes das tribos de Israel, os capitães de mil e os de cem e até os intendentes sobre as empresas do rei voluntariamente contribuíram e deram para o serviço da Casa de Deus cinco mil talentos de ouro, dez mil daricos, dez mil talentos de prata, dezoito mil talentos de bronze e cem mil talentos de ferro. Os que possuíam pedras preciosas as trouxeram para o tesouro da Casa do SENHOR, a cargo de Jeiel, o gersonita. O povo se alegrou com tudo o que se fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles liberalmente ao SENHOR; também o rei Davi se alegrou com grande júbilo”

Eis acima a descrição da quantidade doada por Davi, diretamente de sua fortuna pessoal, como afirma:

“Três mil talentos de ouro de Ofir; e sete mil talentos de prata purificada, para cobrir as paredes das casas...”

Convertendo-se para unidades conhecidas, temos o mesmo verso da seguinte forma:

“...cento e cinco toneladas de ouro puro de Ofir e duzentos e quarenta e cinco toneladas de prata refinada, para o revestimento das paredes do templo” NVI.

Quando Davi comprou a eira por 50 ciclos de prata, e considerando que cada siclo equivalia a 12 gramas, é fácil descobrir quanto pagou pela propriedade.

A pergunta agora é: Foi um doloroso sacrifício para um homem que possuía pelo menos 245 toneladas de prata refinada, pagar 600 gramas dela pela terra de Araúna? Se não foi, então o que Davi quis dizer quando desejou que o local lhe custasse algo?

Davi desejava oferecer a Deus algo que pertencesse a si, e não algo que pertencesse a outro. Infelizmente, este texto é usado de maneira a estimular as pessoas a ofertarem mais do que poderiam. O apóstolo Paulo orienta que isto não aconteça acerca de ofertas:

“Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem” II Coríntios 9:12.

Devemos oferecer nossas ofertas para Deus pelo espírito de propósito e nunca, pelo espírito da coação. Quando nos sentimos parte do projeto de Deus, ofertamos generosamente e voluntariamente, entendendo que contribuímos para o avanço daquela obra. È por isto que Davi doou sua fortuna; é por isto que os cristãos depositavam seus bens aos pés dos apóstolos.

Nada do que possamos oferecer a Deus em troca de suas bênçãos tem valor. Deus não se agrada disto, pois não são nossos atos de justiça (Isaías 64:6) ou obras que alcançam o favor do SENHOR (Efésios 2:8-9). Deus não é comprável como pensaram Ananias e Safira (Atos 5). Deus não está brincando conosco num jogo de toma lá, dá cá.

Em Atos dos Apóstolos narra-se a história de um homem convertido ao cristianismo. No passado ela fora mágico (conhecido em sua região como O Grande Poder), e ficou extasiado ao ver os sinais que eram realizados através dos apóstolos. E o texto declara:

“Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito [Santo], ofereceu-lhes dinheiro, propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo. Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para a perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus. Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração...” Atos 8:18-22.

Com qual intenção temos ofertado a Deus?

E a viúva pobre? Interessante notar que o próprio Cristo afirma que ela deu tudo o que tinha, e não daquilo que ela não tinha (Lucas 21:1-4). Infelizmente, hoje, muitos são motivados a ofertarem além daquilo que possuem. Neste texto, é claro que Jesus está falando de proporções, e não de quantidades. A oferta da viúva foi generosa e voluntária. Por quê? Porque ninguém naquele local estimularia alguém a ofertar o que lhes parecia insignificante. No entanto, a sua oferta foi a maior. Escrito por Cléber C. FERNANDES.

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