terça-feira, 15 de setembro de 2009

Primavera parisiense

Era um dia de uma primavera e eu caminhava pelas ruas de Paris. Se fosse um filme, meu passeio seria embalado ao som de um musette.

Naquela tarde, encontrei uma criança cujas mãos erguidas aos céus, atraiam pássaros bailarinos! Voavam ao redor de suas mãos, e apresentavam um belíssimo espetáculo aéreo!

Após passar pela torre Eiffel e pelo túmulo de Napoleão, seguia em direção às margens do rio. Durante o trajeto, uma cena que jamais esquecerei...

Tudo durou apenas alguns segundos, mas o momento parece eterno. Ela manobrava uma bicicleta que me pareceu peça de museu... Assim que surgiu na esquina, meus olhos, fixados nela, permitiam-me à alma um dos maiores prazeres que jamais senti. Não sei de onde ela vinha, nem para onde iria... E a paisagem ao meu redor se transformou. Uma sensação nostálgica e poética, a imagem daquela moça, proporcionou aos meus sentidos experimentarem. Ah, como gostaria de vê-la mais uma vez!

Enquanto ela se aproximava, meu coração se impressionava. Eu sentia que vira algo parecido, mas somente em filmes de época. Seria um déjà vu? Manifestavam-se em mim muitos sentimentos. Impressionante inocência foi um deles. Em contraste com a realidade de uma grande cidade, de repente, nada mais singelo, simples e romântico surgia. E aquela calçada, de uma rua pouco importante, sob as sombras das árvores, foi o cenário perfeito.

Sua fisionomia? Não me recordaria. Vejo como que lembranças envoltas em brumas, mas que ainda têm o poder de me inspirar. Eu caminhava no sentido oposto ao dela, mas a oposição, neste caso, presenteou-me com uma das mais lindas pinturas.

Lembro-me de sua face serena, de sua pele branquinha e dos contornos suaves do seu rosto de menina de não mais de vinte anos. Talvez, aquele seja o que poderia descrever como um típico traço francês. Ela trajava um comportado vestido escuro, de um modelo que me traz a lembrança uma linda boneca de pano. Seu pedalar suave, combinado aos meus passos, aproximavam-nos um do outro. Seus cabelos estavam presos, e seu rosto era adornado por um par de óculos. Enquanto escrevo, sinto como que minha alma clamasse por conhecê-la.

Muitos bons sentimentos afloram ao me recordar. Sua imagem materializava a da própria pureza, da própria singeleza e da própria inocência. Era como se meu coração não compreendesse, mas se rendesse ao seu encanto. Aquele foi o dia em que não imaginei o passado, mas o passado veio até mim, surpreendendo-me próximo à esquina. Sua passagem pela minha vida foi como um vento, que traz um sentimento de uma lembrança bucólica da infância. Talvez eu nunca saiba quem ela é, mas sempre saberei quem ela foi para mim... Trecho do meu livro.

Para sentirmos um pouco desta inocência, recomendo o vídeo abaixo.

2 comentários:

Ilson disse...

Bravíssimo amigo, que emocionante, quase pude sentir, o aroma, a sensação no ar, o vento, a brisa, o sorriso...Sentimentos,isso que torna uma história tão boa de se ler. Abcs

Cléber disse...

Que bom que gostaste Ilson. Teu comentário me deixa muito feliz. Entendi que as palavras transmitiram toda sensibilidade que desejei. Aguarde pelo livro!