segunda-feira, 21 de março de 2011

Lembranças da casa dos avós

Lembro-me que amava a casa dos meus avós. Uma casa de madeira, simples, muito simples, nem pintura tinha. Os objetos me encantavam... Gostava muito da passadeira emborrachada, decorada de arabescos. Eu contornava suas linhas com os olhos e amava sentir sua textura lisa e gelada.

Na sala havia um armário em madeira. Era o tempo dos móveis que duravam bastante. Ele ficava encostado na parede à direita da porta da cozinha. As janelas da sala eram em madeira, e os vidros eram erguidos e presos no alto por travas em forma de borboletas. Também tinha duas abas que se abriam, uma para a esquerda e outra para a direita. Nas manhãs, quando fechadas, os raios de sol penetravam por entre as frestas. Dela, era possível ver o cajueiro. Foi naquela janela que vi meu avô pela última vez. Eu passava no caminho e ele, sentado em sua cadeira, com os braços cruzados na base da janela, descansava o queixo sobre eles. Parecia triste. Aquela foi a última vez que o vi. Se eu soubesse disto, teria olhado uma vez mais.

Continue lendo >>