quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Todo mundo quer ser vaca

Aconteceu lá pelas bandas da Normandia, nos tempos do meu exílio...

- [...] Tu não gostarias de ter nascido vaca como eu?

- Eu acho que não... ser vaca deve ser bem monótono. Tu ficas aí, o dia inteiro, olhando para o horizonte. Ora come um pouco de grama, ora caminha até a cerca e depois volta. Não há grande vantagem em ser vaca.

- Tu tens razão, minha vida é bastante monótona, mas não posso reclamar. Na verdade, eu até que tenho sorte. Eu dou leite. Existem algumas amigas que não têm a mesma sorte.

- Eu não sabia que as vacas tinham sorte..., retrucou o menino.

- Têm sim, meu caro. Algumas de minha classe, quando atingem certo peso, são mortas para que os de sua classe comam carne. E então? Ainda acha que não tenho sorte?

- É mesmo, tu tens muita sorte de que nós precisamos de leite.

- Eu sei... de leite e de queijos também. É por isto que não posso reclamar. É a vida...

- Mas o que vai acontecer contigo no dia em que teu leite secar?

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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma conquista de criança

Eu gosto muito da foto aqui ao lado. Toda vez que a contemplo, vejo ternura e alegria. Na verdade, eu tenho até um pouco de vontade de chorar.

Quando uma criança descobre o mundo, tudo lhe parece curioso. Quando uma criança descobre o mundo, aquilo que lhe é desconhecido lhe provoca receio. Uma conquista de criança é uma coisa bem bonita. Ainda me lembro da primeira vez que ousei afastar-me da minha casa. Eu tinha uma bicicletinha usada, que meu pai me dera e, decidi que pedalaria até o final da rua. Isto significava uma quadra.

Enquanto eu pedalava, enchia-me de emoção. O final da rua no horizonte, o tempo passando, o coração batendo... Como poderia sair tão longe de casa? Voltei rapidamente, pois me parecia algo de que os adultos não poderiam saber. Aquela foi uma grande e feliz conquista. Descobri a sensação de percorrer sozinho 50 metros além da minha casa. Se eu soubesse que um dia sentiria saudades disto, teria aproveitado um pouco mais.

Lembro-me desta como uma das primeiras grandes emoções e contentamento de minha vida. Um prazer indescritível.
Escrito em 18/08/2010.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Falando um pouco de amor

Tu já leste o capítulo 13, da primeira carta de Paulo aos coríntios? Ainda que, ainda que, ainda que... Esta é a advertência. Não importa em qual extremo cheguemos, se não houver o amor, será como nada.

Vejo o escritor a meditar em sua própria obra e nas praticadas por outros. Vejo-o à procura de gestos extremos da nobreza, da pureza, da humildade, para depois, desqualificá-los completamente.

Bem, confesso que não consegui expressar nas linhas anteriores o que vejo quanto a isto. Parece-me muito abstrato, como se o texto não possuísse um ponto firme. É como se dele pouco pudesse reter.

Um dia, um dos meus amigos com quem eu dividia o apartamento foi hospitalizado, pois passava mal. Resultado do exame: anemia. Macarrão era sua principal refeição. Aparentemente, saciava seu corpo e não sentia fome. Mas, o macarrão, não possui em sua composição todos os invisíveis nutrientes de que um corpo precisa para ser saudável.

Muitos olham as obras da benignidade e se admiram com sua aparência, contudo, seu verdadeiro valor, está em quanto do amor elas possuem.

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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Deus é fiel? Haha!

"Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si..." Isaías 53:4

[...] Milhares de pontos de luz surgiam no chão e formavam anéis luminosos. À medida que suas luzes se intensificavam, os anéis levitavam. Da poeira que agitavam, gradativamente subiam, e os corpos dos mortos eram recompostos dos pés à cabeça, transformando-se o pó em carne. Eram milhares deles, e, um violento vento soprou devolvendo-lhes a vida.

Havia dos que morreram vítimas das doenças e pragas da terra. Seus corpos, agora, encontravam-se íntegros e saudáveis, mesmo, aqueles que sofreram mutilações nas guerras, dilacerados pelas feras ou esmagados em catástrofes.

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terça-feira, 3 de agosto de 2010

A melhor explicação

As crianças da classe de 8 e 9 anos participavam de mais uma aula. Num determinado momento, trazia à memória delas o significado da palavra Páscoa: “Então crianças, aqueles cujas casas estavam as marcas do sangue do cordeiro, a morte passava por...”. E elas, como eu esperava, responderam: “Cima!”.

Um dos meninos, em sua graça peculiar, perguntou: “Por que não passava por baixo?” Ao que outro, imediatamente, como quem explicava o que lhe parecia óbvio, respondeu:

“Ora, porque quem passa por baixo é o diabo!”. Aulinha da EBI, em 01/08/2010.