quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Cocô ou esterco? Uma lição bovina

Final de tarde, um vento de primavera soprava na campanha... Eles encontravam-se no pasto....

- Olá! Como estás meu amigo?

- Eu estou bem, mas...

- Mas o quê? Que significa este mas?

- É o meu pai... Está um pouco triste.

- Uhm... Qual é o motivo? Diga-me logo!

- Ele e minha mãe conversavam algo sobre um dos empregados da fazenda.

- Ele está doente? Algum problema na família?

- Não, não. Parece-me que o homem pediu para deixar o serviço.

- E tu sabes por quê?

- Bem, pelo que entendi, o homem reconheceu que há algum tempo relaxa nas atividades e faz as coisas de qualquer maneira.

- Entendo! Este é mais um caso de alguém entre o cocô e o esterco...

O menino esboçou um sorriso e coçou a cabeça:

- Entre o cocô e o esterco? Que quer dizer isto?

- Quer saber mesmo?

- Sou todo ouvidos!

- Percebes quais as opções que o pobre homem se coloca?

- Eu acho que é deixar o serviço ou continuar a fazer as coisas de qualquer maneira.

- Bingo!

- Acertei?

- Sim, tu acertaste. Mas agora me responda: Qual o mérito da escolha?

- Uma escolha precisa ter mérito?

- Ai, ai, ai... Eu perguntei primeiro menino!

- Desculpa!

- Tudo bem, eu só estava brincando contigo.

- É... agora não sei se espero tua resposta ou se te respondo a pergunta cara amiga.

- Deixe-me responder então a tua primeiro. Bem... uma vez que nossas decisões e escolhas são caminhos que nos levam sempre a algum lugar na vida, creio que elas devem ter algum mérito sim. Aliás, escolhas falam muito acerca de nosso caráter.

- Acho que agora entendo... Bem, eu acho que há mérito em deixar o serviço.

- Por que tu achas isto?

- Porque é melhor não atrapalhar que trabalhar de qualquer jeito.

- Parabéns! E isto com que ficaste é o cocô ou o esterco?

- Não entendo...

- Então, diga-me: Qual preferes, o cocô ou o esterco?

- Nenhum deles.

- Não, não. Estas são as opções que tu mesmo te colocaste. Sendo assim, precisas escolher uma delas.

- Ah... sei lá, parece-me que dá no mesmo.

- Bingo!

- Acertei?

- Acertaste na mosca!

- Então explica-me!

- Ambas as decisões são autênticos atestados de indisposição, incompetência e mediocridade.

- Seja mais clara, por favor.

- Ora, tu achas uma sábia decisão abandonar um serviço por se comportar de forma incompetente, seja qual for a razão para tal?

- Continuo achando que é melhor deixar que atrapalhar.

- Sinto cheiro de estrume no ar...

- Está bem, então, qual é sua explicação, oras?

- Que tu acharias de escolher se tornar melhor?

- Uau, acho que agora entendi! As duas opções na cabeça dele são péssimas...

- É claro meu amigo! Há daqueles que escolhem permanecer medíocres a mudar sua atitude.

- Então, entre deixar de servir ou fazer as coisas de qualquer maneira, seria mais sábio escolher fazer as coisas da melhor maneira, sem nunca deixar de servir...

- Sim, eu acho que estas são condições mais razoáveis a se apresentar. Sem esta mentalidade, dificilmente aquele homem crescerá em sua vida.

- Entendo... mas tenho outra pergunta.

- Estou pronta.

- Que culpa ele tem se sua incompetência for um reflexo de sua falta de talento? Nem todo mundo sabe fazer de tudo, ou gosta de fazer tudo. Às vezes, as pessoas descobrem que não servem para determinadas funções ou tarefas.

- É verdade. No entanto, um homem de caráter nobre não abandona um compromisso sem ter dado o melhor de si em executá-lo, ou o melhor de si em aprendê-lo.

O menino beijou a vaca e disse:

- Os motivos pelos quais decidimos o que decidimos, refletem a grandeza ou a pequenez de nossos corações.

- Que lindo isto menino!

- Obrigado! Olha... preciso ir agora.

- Tão cedo?

- Acho que tenho desculpas a pedir.

- Desculpas? Que andaste aprontando?

- Faltei à escola ontem. Eu disse a minha mãe que estava com dor de barriga, mas, na verdade, era porque não fiz a tarefa de matemática. Acho que me faltou um pouco de vontade de aprender.

- Uhm...

- Uhm, o quê?

- Sinto perfume de flores no ar...

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