quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Falando um pouco de amor

Tu já leste o capítulo 13, da primeira carta de Paulo aos coríntios? Ainda que, ainda que, ainda que... Esta é a advertência. Não importa em qual extremo cheguemos, se não houver o amor, será como nada.

Vejo o escritor a meditar em sua própria obra e nas praticadas por outros. Vejo-o à procura de gestos extremos da nobreza, da pureza, da humildade, para depois, desqualificá-los completamente.

Bem, confesso que não consegui expressar nas linhas anteriores o que vejo quanto a isto. Parece-me muito abstrato, como se o texto não possuísse um ponto firme. É como se dele pouco pudesse reter.

Um dia, um dos meus amigos com quem eu dividia o apartamento foi hospitalizado, pois passava mal. Resultado do exame: anemia. Macarrão era sua principal refeição. Aparentemente, saciava seu corpo e não sentia fome. Mas, o macarrão, não possui em sua composição todos os invisíveis nutrientes de que um corpo precisa para ser saudável.

Muitos olham as obras da benignidade e se admiram com sua aparência, contudo, seu verdadeiro valor, está em quanto do amor elas possuem.

Uma das grandes lições que aprendo com esta advertência, é de que, tudo quanto fizer, deve incluir o amor. E aprendo mais: sem amor, não há diferença entre realizar ou cruzar os braços. Quem sabe, cruzar os braços em amor seja melhor... Se é que quem verdadeiramente ama conseguiria.

A juventude é a época em que mais se fala do amor. Entre os jovens, muito se ouve acerca de como escolher um companheiro. Inúmeras formas e dicas se discutem. Uma das que ouço atualmente é a respeito do propósito. Como propósito, entenda-se a obra que Deus deseja que façamos na terra. E para esta obra, Deus nos fez como fez, com nossa personalidade, temperamento, talentos e habilidades. E os jovens são incentivados a escolherem seus namorados e namoradas, noivos e noivas, baseados neste valor.

"Queres ser um missionário? Escolha uma missionária", "És uma pessoa assim? Não escolha um assado". É correto escolher alguém pelas similaridades, embora não se ame? Quão cruel é não poder olhar nos olhos, afirmar eu te amo, porque não se ama!

“Mas o amor é uma decisão!”, defende-se. Sim, o amor é uma decisão, que envolve sentimentos. Se não fosse assim, uma separação não seria tão dolorosa, alías, bastaria que se decidisse por ela. O dia seguinte? Bem, como nada houvesse acontecido...

Cristo entregou-se porque amou. Se fosse para cumprir, o que dele se diz nas Escrituras, não pediria: “Se possível, afasta de mim este cálice”. E muitos, querem enfrentar o cálice sem amar.

Por mais nobre que seja o propósito, não é ele o sofredor e benigno. Não é o propósito que não é invejoso, que não trata com leviandade ou que não se ensoberbece. Não é o propósito que não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita e não suspeita mal. Não é o propósito que não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Não é o propósito que tudo sofre, tudo crê, tudo supera, tudo suporta. Não é o propósito que nunca falha.

Só há um valor pelo qual duas pessoas devam se unir, e este valor, chama-se amor. Sem ele, não importa o sacrifício, não importa quão nobre pareça. Com amor se vence todo desafio. O amor é inconfundível, e sabemos, quando verdadeiramente amamos ou quando forçamos o amor. Nossos propósitos, um dia, desaparecerão; o amor, permanecerá.

Deus conhece o tempo e o modo, quando e como, revelará e cumprirá seus propósitos.

Moisés já estava na casa de seus 80 anos quando Deus lhe revelou o que faria. Antes, passou 40 anos no deserto, pastoreando algumas ovelhas e levando sua vida pacata. Mais tarde, o Senhor o transformaria no maior legislador que já existiu no planeta.

O critério para se construir um relacionamento entre um homem e uma mulher é o amor. O propósito não é suficientemente seguro como critério de escolha. Não se deve fixar os olhos exclusivamente nele, mas crer que, independentemente de qual seja, Deus é suficientemente grande para fazer milagres.

Deus faria de Abraão pai de nações, no entanto, foi uma mulher estéril que tomou como companheira. Do ponto de vista do propósito, pareceria incoerente e inviável. Do ponto de vista do amor, Sara acompanharia seu marido fielmente para todo e qualquer lugar, e, sofreria tudo o que ele sofresse.

Quando nos esquecemos do amor e, promovemos o propósito de Deus através de nossas próprias escolhas, expomo-nos a riscos. Abraão tentou em seu próprio entendimento promovê-lo e frustrou-se. Sem amar, tomou para si uma escrava.

Antes que eu seja mal interpretrado, gostaria de esclarecer algo. Não defendo que nos envolvamos com pessoas simplesmente pelo sentimento, sem que avaliemos outras características. O caráter é essencial, a aparência e o charme são filtros naturais da atratividade. Os sonhos pessoais falam muito acerca de como uma pessoa é.

Ouvi dizer que, para que um relacionamento dê certo, é necessário que um casal tenha sonhos em comum. Será? Bem, acho essencial que haja concordância num relacionamento, no entanto, isto será sempre assim? Claro que não. Quando conhecemos alguém, conhecemos apenas a ponta do iceberg. No decorrer da vida, milhares de outras decisões e situações novas e inimagináveis surgirão. E, não temos como saber o que alguém pensa acerca de problemas que ainda não existem.

Não podemos simplesmente escolher alguém pelo que ela pensa agora, pelos sonhos que ela possui no presente. Os valores e a importância das coisas na vida das pessoas mudam.

Uma união é como fecho éclair. Escolher pelos sonhos e pensamentos, é como engatar os primeiros ganchos, tendo os demais durante a vida como uma constante incógnita. Escolher pelo amor, é coincidir desde o início todos os ganchos, mesmo que ainda não tenhamos chegados a cada um deles.

Agora, se me envolvo com alguém que considero às avessas: "Seus sonhos são diferentes, mas eu a(o) amo..." Até aqui tudo certo. Contudo, a pergunta que faço é: "Esqueceria seus próprios sonhos para viver os dela(e)?" Se tu não fores capaz, então não amas de verdade. Um amor verdadeiro farias com que tivesses a compaixão e o bom caráter de não te envolveres com alguém que farias sofrer com esta antecipada decisão de não abrir mão de ti mesmo em prol do outro.

Não se ama também quando desejamos mudar alguém. Não podemos esperar que alguém mude? Podemos, mas não contemos com isto. Quando cobramos uma mudança, é porque nos apaixonamos por alguém que não é a pessoa que vemos, mas sim, alguém que ainda não existe, mas somente em nosso mundo de desejos e imaginação. Se não nos dispostos a aceitá-la como é, não amamos de verdade, aquela, ali, de carne e osso, com seus defeitos e fraquezas. Assim, muitos relacionamentos fracassam.

Abraão sonhava com um filho, mas abriu mão dele porque amou. Abriu mão quando amou Sara, suportando-a, uma estéril, sem procurar por outra mulher. Esqueceu-se de si por amá-la. Quanto a escrava, foi sua própria mulher quem a entregou. E Sara, entregou-a porque queria vê-lo feliz com seu sonho cumprido. Esqueceu-se de que era sua verdadeira mulher. Não lhe importava que o filho fosse de outra. Mais tarde, Abraão quase imolou a Isaque por amor ao seu SENHOR.

Então, vemos que apesar das dificuldades do dia-a-dia, dos sonhos pessoais, todos abriram mão de si pelo outro, por causa do amor. É como uma conversa de adolescentes ao telefone: "vai desliga... Ah não, desliga primeiro..." É assim que o amor é. Todos abrem mão de si, dando a vez ao outro.

O que Deus prometeu cumprirá. Não são as similaridades, ou sonhos em comum que manterão um casal unidos. Somente o amor é capaz de suportar as dificuldades que ambos enfrentarão durante suas vidas.

Creio que dá para escrever mais. Quando vier a inspiração, deixarei impressa aqui. Escrito em 12/08/2010.

1 comentários:

Dênis disse...

A decisão segundo os propósitos são tão importantes quando o sentimento de amar. Pois você só tomará a decisão segundos os seus propósitos e daquilo que você julga ser importante e admirá. O que naturalmente o fará amar.
Acredito sim que são as similaridades e o sonho de que tipo de vida um casal quer viver, o que é importante para ambos, e o quão dispostos estão de lutarem por isso, que vai mante-los juntos.
Quando digo propósito não me refiro conforme o texto, os propósitos de Deus. Pois acredito que o maior propósito de Deus para um casal é que esse casal se una para viverem felizes juntos.