segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pinceladas

Na manhã daquele domingo vi algo diferente, e tem a ver com pincéis...

Eu vi um pintor que, usava um único pincel numa de suas obras mais sensíveis e delicadas. Tratava-se de uma pintura complexa, repleta de detalhes e rica em nuanças. Ao finalizar a obra, o artista não expressava verdadeiramente seu sentimento, pois, com tantos traços diferentes a desenhar, e utilizando-se do mesmo pincel, era-lhe impossível que conseguisse. O resultado não foi satisfatório.

Em contrapartida, o artista tinha agora a sua disposição inúmeros tipos de pincéis. Pincéis largos, pincéis curtos, chatos e redondos. Para cada necessidade, enriquecia-se a obra pelo pincel cujo traço era o mais adequado e apropriado. O resultado sobrepujou sobremaneira a qualidade da primeira pintura.

No final, entendi que somos como aqueles pincéis. Dependendo do trabalho, alguns pincéis são mais requisitados que outros. Participamos de muitas obras durante a vida e não seremos sempre protagonistas, e nem poderíamos. No entanto, somos iguais em importância e relevância para o alcance da exatidão.

Cada qual tem uma função, um dom, imprescindível e irrevogável que não pode ser substituído por nenhum outro. Portanto, adequabilidade é um conceito que cabe somente ao artista e não ao instrumento.

É pelo traço pretendido que se escolhe o pincel e ele não se ensoberbece, pois, o traço não é a obra, mas, parte dela.

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