quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Os dois lados

Em muitas ocasiões, encontrei-me pensando o que significa existir. Lembro-me que, umas das primeiras vezes que este pensamento surgiu em minha mente, eu tinha uns cinco ou seis anos. Como sei disto? Bem, lembro-me exatamente do contexto.

Eu estava deitado, no mesmo quarto em que dividia com meu irmão. Logo, meus olhos fixaram-se na madeira da cama ao lado. De repente, tudo parecia ilusão, como se nada fosse real. Meu irmão, que se encontrava em sua cama, escutou-me comentar: “Às vezes temos a impressão de que não existimos, não é mesmo?” É claro que não expressei isto de maneira tão formal, mas era isto que eu queria dizer. E ele, com praticamente a mesma idade que eu, concordou.

Eu nunca mais esqueci aquela percepção. Muitos pensamentos passaram em minha mente desde então. Alguns deles, motivos de orgulho. Eu sentia que realmente concebera uma ideia original. Com o tempo, passei a escrever acerca de minhas percepções, e, quanto mais eu escrevia, também, mais me frustrava. A frustração era de que, toda vez que pensava ter obtido uma ideia original, vez ou outra, escutava alguém que se, não falava algo exatamente igual, no mínimo, muito parecido. Ou minhas ideias são muito simples, ou, quem sabe, tudo do que falamos tem origem em algo que um dia ouvimos e saímos repetindo inconscientemente como papagaios.

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A casinha rosa chá

Há algum tempo, perguntava-me acerca do porquê as coisas são como são. É claro, algumas coisas entendemos, ou, pelo menos, pensamos que entendemos. Quando passo pela rua, e vejo uma casa pintada de rosa chá, normalmente, não me perguntaria o porquê dela ser assim.  Obviamente, alguém a teria pintado daquela cor e pronto. É por isto que ela é rosa chá.

Existem milhares de motivos que levariam alguém a escolher uma cor. Se perguntasse às pessoas sua opinião sobre isto, a maioria concordaria que fora uma questão de preferência. Mas, mesmo as preferências têm seus motivos... O fato é que, uma casa nunca é pintada de rosa chá sem que um motivo mais complexo exista por trás deste “simples” fato.

Toda escolha, portanto, trás embutida em si, uma história. A casa rosa chá faz parte dela. Mas, como pensar nestas coisas é demasiadamente cansativo para muitos, acostumamo-nos a dizer: questão de gosto.

Uma reflexão nesta linha sofre muitas críticas. Que importa na prática, saber ou não, por que uma casa fora pintada de rosa chá? Como afirmei, são detalhes para os quais a maioria faria vistas grossas, pelo simples motivo de lhes parecer não servir para nada. E assim, filtramos o entendimento das coisas da vida pelo critério da praticidade e usabilidade. Faríamos o mesmo, caso, no lugar de uma casa, trocássemos nosso objeto rosa chá, por um ser humano? Agora, creio que conseguirei um acréscimo no número de interessados na questão.

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Uma aula de saltos e voos

"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Romanos 12:1-2, Almeida RA.

O Apóstolo Paulo, em sua epístola dedicada aos Romanos, faz um apelo aos cristãos: “Irmãos, pelo amor de Deus...!”, paráfrase minha. Após 11 capítulos, o apóstolo abre parênteses, e apela aos destinatários de sua carta.

O apóstolo sabia que, sua recomendação, uma vez atendida, levaria seus irmãos a alcançar novo patamar em sua vida cristã e, a colherem um dom. Rogando, pelas misericórdias de Deus, pede:

“...apresenteis o vosso corpo por sacrifício...”

Neste trecho, a palavra “apresenteis”, no original grego, é a palavra parastêsai. Esta era a palavra que, definia, o ato de exibir, prover, pelo sacerdote, diante do altar, o animal para um sacrifício. Percebe-se, pois, que, o apóstolo, no momento em que escrevia este trecho da carta, tinha em mente uma cerimônia nos moldes dos sacrifícios oferecidos no Antigo Testamento.

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Carta a uma feminista

Carta à sra. Doris Margareth de Jesus, representante da UBM (União Brasileira de Mulheres) no Paraná. Esta carta foi baseada em debate com sua participação, pró-aborto, veiculado pelo programa Plano Geral da TV SINAL.



Boa tarde sra. Doris Margareth,

Primeiramente, gostaria de parabenizá-la por ser avessa à pratica do aborto. Por que penso assim?

Bem, logo no início de sua fala, no programa Plano Geral, da TV SINAL, veiculado em 18/10/10, a sra. incluiu-se a si mesma, àquelas cuja bandeira é a "liberdade" de escolha sobre seu corpo e sexualidade. Contudo, tratou imediatamente de deixar claro ao público que, apesar da auto-inclusão, nunca antes cometera um aborto.

Penso que, se considerasse esta uma bandeira tão nobre, seu esclarecimento (que expressou tamanho pudor), seria desnecessário. Lembre-se: o corpo fala. Mas vejo que tentou se desligar de uma prática que em seu interior julga reprovável.

Não desejo apontar o dedo e criminalizar ninguém, mas, reafirmar nossa liberdade com o maior exemplo dela já demonstrado, reafirmando: "Eu também não te condeno. Vá e não peques (erres) mais".

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terça-feira, 14 de setembro de 2010

E agora, José ou Jesus?

A vida é toda cheia de escolhas. Escolhemos a esquerda, a direita, a vanguarda ou a retaguarda. E, se ainda não nos bastasse, permanecemo-nos parados. Escolher é comprometer-se com o caminho sobre o qual trilhar. Escolher é medir certezas e incertezas. Escolher é utilizar-se de balança. Com ela, emitimos um parecer acerca do risco envolvido. Escolher é assinalar um X tal qual treliça...

O processo de decisão envolve muitas variáveis. O medo é uma delas. Entretanto, não me refiro àquele sentimento que nos alerta do perigo. Este, eu costumo chamá-lo prudência. Escolher não é algo fácil... “E se eu escolher a direita ao invés da esquerda, o que haverá no final deste caminho? Qual será o resultado desta decisão? Qual será a melhor opção? Esta é a melhor escolha?”

Dúvidas, dúvidas e dúvidas. A dúvida opõe-se à fé. A fé é certeza, a certeza das coisas não vistas. Onde se encontra o medo, encontra-se a dúvida. O medo não permite que se deem passos. Que é o medo? É poliomielite na alma... É uma pena que vacinemos somente corpos.

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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A lição bovina do coração

Final de tarde, sol se pondo. E lá estava ele, sentado sobre a cerca de madeira, tomando o tempo da vaca...

[...] Tu és tão sábia... Eu gosto tanto de conversar contigo...

- Falando deste jeito até me fazes sentir importante!

- Eu também queria ser sábio...

- Esta é uma das maiores demonstrações de apreço que se pode oferecer. É quando queremos nos parecer com alguém.

- Então tu achas que quando eu for grande serei sábio como tu?

- Bem, isto depende de uma coisa fundamental.

- Que coisa?

- Olha, não sei se posso te ensinar isto.

- Que é? Por favor, ensina-me!

- Está bem, está bem... Afinal, se tu não puderes aprender isto, então, não sei mais quem poderia.

E o menino inclinou-se em direção à vaca para ouvi-la.

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Todo mundo quer ser vaca

Aconteceu lá pelas bandas da Normandia, nos tempos do meu exílio...

- [...] Tu não gostarias de ter nascido vaca como eu?

- Eu acho que não... ser vaca deve ser bem monótono. Tu ficas aí, o dia inteiro, olhando para o horizonte. Ora come um pouco de grama, ora caminha até a cerca e depois volta. Não há grande vantagem em ser vaca.

- Tu tens razão, minha vida é bastante monótona, mas não posso reclamar. Na verdade, eu até que tenho sorte. Eu dou leite. Existem algumas amigas que não têm a mesma sorte.

- Eu não sabia que as vacas tinham sorte..., retrucou o menino.

- Têm sim, meu caro. Algumas de minha classe, quando atingem certo peso, são mortas para que os de sua classe comam carne. E então? Ainda acha que não tenho sorte?

- É mesmo, tu tens muita sorte de que nós precisamos de leite.

- Eu sei... de leite e de queijos também. É por isto que não posso reclamar. É a vida...

- Mas o que vai acontecer contigo no dia em que teu leite secar?

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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma conquista de criança

Eu gosto muito da foto aqui ao lado. Toda vez que a contemplo, vejo ternura e alegria. Na verdade, eu tenho até um pouco de vontade de chorar.

Quando uma criança descobre o mundo, tudo lhe parece curioso. Quando uma criança descobre o mundo, aquilo que lhe é desconhecido lhe provoca receio. Uma conquista de criança é uma coisa bem bonita. Ainda me lembro da primeira vez que ousei afastar-me da minha casa. Eu tinha uma bicicletinha usada, que meu pai me dera e, decidi que pedalaria até o final da rua. Isto significava uma quadra.

Enquanto eu pedalava, enchia-me de emoção. O final da rua no horizonte, o tempo passando, o coração batendo... Como poderia sair tão longe de casa? Voltei rapidamente, pois me parecia algo de que os adultos não poderiam saber. Aquela foi uma grande e feliz conquista. Descobri a sensação de percorrer sozinho 50 metros além da minha casa. Se eu soubesse que um dia sentiria saudades disto, teria aproveitado um pouco mais.

Lembro-me desta como uma das primeiras grandes emoções e contentamento de minha vida. Um prazer indescritível.
Escrito em 18/08/2010.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Falando um pouco de amor

Tu já leste o capítulo 13, da primeira carta de Paulo aos coríntios? Ainda que, ainda que, ainda que... Esta é a advertência. Não importa em qual extremo cheguemos, se não houver o amor, será como nada.

Vejo o escritor a meditar em sua própria obra e nas praticadas por outros. Vejo-o à procura de gestos extremos da nobreza, da pureza, da humildade, para depois, desqualificá-los completamente.

Bem, confesso que não consegui expressar nas linhas anteriores o que vejo quanto a isto. Parece-me muito abstrato, como se o texto não possuísse um ponto firme. É como se dele pouco pudesse reter.

Um dia, um dos meus amigos com quem eu dividia o apartamento foi hospitalizado, pois passava mal. Resultado do exame: anemia. Macarrão era sua principal refeição. Aparentemente, saciava seu corpo e não sentia fome. Mas, o macarrão, não possui em sua composição todos os invisíveis nutrientes de que um corpo precisa para ser saudável.

Muitos olham as obras da benignidade e se admiram com sua aparência, contudo, seu verdadeiro valor, está em quanto do amor elas possuem.

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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Deus é fiel? Haha!

"Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si..." Isaías 53:4

[...] Milhares de pontos de luz surgiam no chão e formavam anéis luminosos. À medida que suas luzes se intensificavam, os anéis levitavam. Da poeira que agitavam, gradativamente subiam, e os corpos dos mortos eram recompostos dos pés à cabeça, transformando-se o pó em carne. Eram milhares deles, e, um violento vento soprou devolvendo-lhes a vida.

Havia dos que morreram vítimas das doenças e pragas da terra. Seus corpos, agora, encontravam-se íntegros e saudáveis, mesmo, aqueles que sofreram mutilações nas guerras, dilacerados pelas feras ou esmagados em catástrofes.

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terça-feira, 3 de agosto de 2010

A melhor explicação

As crianças da classe de 8 e 9 anos participavam de mais uma aula. Num determinado momento, trazia à memória delas o significado da palavra Páscoa: “Então crianças, aqueles cujas casas estavam as marcas do sangue do cordeiro, a morte passava por...”. E elas, como eu esperava, responderam: “Cima!”.

Um dos meninos, em sua graça peculiar, perguntou: “Por que não passava por baixo?” Ao que outro, imediatamente, como quem explicava o que lhe parecia óbvio, respondeu:

“Ora, porque quem passa por baixo é o diabo!”. Aulinha da EBI, em 01/08/2010.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Por favor, cosquilha-me!

Certa ocasião, aprendi algo que mudou completamente a maneira como vejo as pessoas. Foi como se, de repente, tudo fizesse sentido, como se descobrisse um grande tesouro e compreendesse um grande mistério.

Preciso pintar um quadro com as palavras. Não me parece tão trivial. Ele está lá dentro de mim, mas é difícil expô-lo. E a imagem que pretendo pintar é a de uma frustrada multidão.

Qual é a ideia que tenho da felicidade? Felicidade para mim se parece muito com uma vida tranquila. Como gozá-la? Como obtê-la? Como vivê-la?

Sai procurando a felicidade. Não sei exatamente como, mas, eu já sabia de que dela não se encontra jazidas por ai. Como encontrá-la é uma ótima questão. Assim, valendo-me da razão, pensei que a melhor forma de encontrá-la seria observar ou pedir ajuda a quem já a houvesse encontrado. Certamente, pouparia-me muito tempo e trabalho.

Olhei ao meu redor e vi a felicidade impregnada naqueles que a encontraram. Como eu suspeitava, tratava-se de uma manifestação. Ela se manifestava em uma boa casa. Manifestava-se em uma boa poupança. Manifestava-se em um bom emprego. Manifestava-se em boa saúde. Manifestava-se em reconhecimento. Descobri onde encontrá-la, finalmente. Agora, precisava possuí-la.

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sábado, 1 de maio de 2010

"Une baguette s'il vous plaît!"

Amados, a Palavra de Deus nos instrui de que as crianças devem ser ensinadas no caminho em que elas devem caminhar. Esta é uma atribuição nossa.

No final da semana passada, eu estava no retiro de adolescentes. Em nosso momento de lazer, uma criança, de apenas cinco anos, ao passar por ela, chamou-me a atenção dizendo: “Eu conheço você... você é aquele que contou a história do diabo e do pão”. Bem, numa certa ocasião, perguntei a elas: Com que compararei a Palavra de Deus? E mostrei: Com um pão baguete! A Palavra de Deus é alimento, mas também é uma espada contra nosso inimigo, comprida como baguete. E aquela criança nunca mais esqueceu disto...

Tenho aprendido que crianças, mas que uma tentativa de ensiná-las, devemos encantá-las. Encantá-las com o caminho em que devem andar, para que nunca dele se desviem e sejam livres. Ministração sobre crianças, 18/04/2010.

terça-feira, 30 de março de 2010

Testosterona, sabedoria e os 4 elementos

Há três coisas que me maravilham, e a quarta não a conheço: o caminho da águia no céu, o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar e o caminho do homem com uma virgem” Pv. 30:19.

Salomão dedicou parte de sua vida ao estudo, ao conhecimento e prática da sabedoria. Observava atentamente o mundo e tentava explicar a ação do homem. Numa de suas observações, demonstrou-se maravilhado com três coisas: o caminho da águia no céu, o caminho da cobra na penha e o caminho do navio no meio do mar. Para completar, revela: uma quarta ,ainda não conheço - o caminho do homem com uma virgem.

Em certa ocasião, ouvi quem citasse este texto, abordando o valor que para o sábio representava a pureza de uma mulher. No entanto, creio que não foi sobre isto que Salomão chamava atenção.

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sexta-feira, 5 de março de 2010

Uma raposinha solitária

Antoine de Saint-Exupéry, em seu livro mais famoso, O Pequeno Príncipe, escreveu acerca dos laços de carinho formados entre as pessoas.
Na história, o menininho de cabelos de ouro, trava um diálogo com uma raposinha, que lhe ensina o valor da amizade. Eis abaixo alguns trechos selecionados.

Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

Nesta semana, aconteceu-me algo que abalou-me profundamente. Um buraco, um vazio na alma é como descrevo. O vazio de uma perda, como a perda da morte.

Na verdade, sinto que conhecê-la, foi-me mais gratificante que para ela conhecer-me. No entanto, sei que amou-me com toda força que podia. Ela tornou-se importante para mim. Eu depositei nela a confiança que poucas vezes na vida depositei em alguém. Então, quando ela se foi, doeu muito, pois fora como se um pedaço de mim fosse arrancado...

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